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Análise: BC acerta em manter ritmo de queda da Selic

Inflação acumulada em 12 meses abaixo dos 3% ajudou o Banco Central a seguir reduzindo os juros

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Para a oSincomercio (Sindicato dos Lojistas e do Comércio Varejista de Americana, Nova Odessa e Santa Bárbara d’Oeste) e a FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), o Banco Central acertou ao reduzir a taxa Selic em 1 ponto porcentual (p.p.), passando de 9,25% para 8,25% ao ano.

O ritmo de queda foi o mesmo das quatro últimas reuniões (1 p.p.) trazendo, conforme projeção da Entidade, a Selic para um dígito logo no início do segundo semestre e se aproximando do patamar de 7% a 7,5%, que é a projeção da Federação para o fim do ano. Essa redução continua sendo possível considerando a fraca atividade econômica hoje, combinada a um ambiente político menos hostil, ainda que muito complexo e incerto para padrões de economias desenvolvidas.

Além disso, a deflação recente e o patamar do IPCA abaixo de 3% no acumulado de 12 meses ajudaram o BC a tomar essa decisão e devem ser motivo, segundo a Entidade, para ao menos mais uma queda entre 0,5 p.p. e 1 p.p. na reunião de 24 de outubro, a penúltima do ano.

Para as entidades, a atitude do Banco Central parece a mais sensata diante do quadro, no qual a inflação continua em queda, o desemprego se mantém elevado e os sinais de recuperação da atividade econômica ainda estão fracos. Ao que tudo indica, o Copom mira uma inflação de 4% no ano que vem (acima da atual, portanto, há espaço para queda de juros), ou seja, essa não foi a última redução de juros desse ciclo de queda da Selic, iniciado no segundo semestre do ano passado. O IPCA e o INPC ficaram ao redor de 2% no acumulado entre agosto de 2016 e julho de 2017, um dos menores patamares históricos e até abaixo do mínimo estabelecido nas metas de inflação.

As decisões do Banco Central, segundo as entidades, têm se pautado em argumentos técnicos, sem que o banco fique alheio aos meandros do ambiente político e os seus efeitos sobre o lado real da economia e sobre os mercados. O órgão não faz política monetária olhando apenas para a inflação presente e acumulada no passado, ou para a taxa de desemprego e nível de atividade instantâneo, mas também a faz de olho nas projeções futuras, nos juros do mercado financeiro e no risco percebido pelos investidores. Neste momento, a Bolsa volta ao patamar de antes de maio (no epicentro da crise) assim como câmbio, juros futuros e mesmo o Risco Brasil.

Na análise das entidades, tudo indica que o cenário é de recuperação, mas gradativa e lenta, sendo possível manter o ritmo de queda de juros por mais um tempo sem colocar em risco as metas de inflação deste ano e do próximo. Com isso, as taxas de juros podem cair mais um pouco, chegando ao fim de 2017 – quando a inflação parar de cair e até mostrar sinais de convergência para um patamar entre 3,5% e 4% – perto de 7,5%. Apenas se houver aumento das incertezas político-econômicas é que o Banco Central poderá rever sua ação. O tema mais relevante neste momento é, segundo as entidades, a aprovação da Reforma da Previdência, essencial para o equilíbrio fiscal de médio e longo prazos.